UM MENDIGO QUE EU VEJO
Eu vejo um mendigo a passos lentos
Indo e vindo nas travessas da Ribeira
Sem disfarces, sem medos, sem lamentos
Traz a história de uma vida inteira.
No semblante ele estampa o cansaço
De quem anda a vagar sem ter destino
Pendurado em seu fraquinho braço
Traz o seu patrimônio em desatino.
Chega ao lar que na vida lhe resta:
Um recanto solitário de calçada
Seus amigos então lhe fazem festa
Um gato, um rato e uma passarada.
O jantar é servido, ao fim da tarde
Os lugares ao redor bem disputados
Ele serve aos amigos sem alarde
Leite frio e pão são partilhados
Ao final, os amigos vão-se embora
E seus olhinhos ficam então tristonhos
A cabeça, em um velho saco ele escora
E ali mesmo dorme, tem seus sonhos...
josealdyr@gmail.com
JOSÉ ALDYR GONÇALVES
Enviado por JOSÉ ALDYR GONÇALVES em 25/11/2009
Alterado em 20/06/2019